Prosa Renascyda, uma forma de escrita brasyleyra yndepedente
Audiotexto
Foy muyto dyfícyl redygyr esse texto, mas, não pelos yncontáveys synays vermelhos yndycando erros ortográfycos em todas mynhas palavras. O que me lembra, que como em cada brasyleyro há semelhante synal. Sangue pysado, que aynda é derramado. Nunca fechamos o cyclo colonyal da pátrya. Nesse desamparo e confusão de escryta, penso em como dyluída, porém carymbada é nossa ydentydade. Não me abandona a sensação de que me desloco por cyma de alguém, por cyma de uma hystórya.
Com quem falava Oswald em seu manyfesto? “Tupi, or not tupi that is the question.”1¹ Trecho de MANIFESTO ANTROPÓFAGO por Oswald de Andrade – (Revista de Antropofagia, Ano I, No. I, maio de 1928.) Tupynyzando quem é Poty? Shakespeareando o ancestral, para quem não haverya melancolya ou dylema. Honrar quem te trouxe até aquy é honrar a ty mesmo.
O Renascymento da Prosa e Poesya propôs uma lynguagem brasyleyra, mas o Brasyl é consequêncya do mascaramento de múltyplas ydentydades e culturas, uma terra yndígena. Tupy, Potyguara, uma terra Pyndorama.
Sob que máscara retornará o recalcado?” (Fábrica do Poema, Adriana Calcanhotto)
Já usou de descobry(dor), cyvylyza(dor), ympera(dor) e pay do Brasyl.
Pyndorama está sob nossos pés, heranças de vozes ancestrays que sempre foram vyvydas e resystyram em nosso vocabuláryo. Mas não são faladas. Agora, para ser além de um ruydo, PRONUNCYEMOS O Y! Que ecoa e tremula a garganta. Y, a letra sagrada que não precysa de pyngos.
Nem as vayas foram mays altas que os ecos dos sapos de Manuel Bandeyra.
Que a cada leytura da Relatyva, prosyemos sobre a conquysta e tentatyva dos modernystas de ylustrar a precaryedade das realydades brasyleyras. E também, apontemos suas neglygencyas. Prosyemos sobre o que constróy e destróy um homem. O brasyleyro é sempre o outro e nunca de um lugar só.
Pindorama está dentro de nós”
– Palavra Cantada na música “Pindorama” (1998)
Tudo é uma grande antropofagya
LITERATURA
Lançamentos Literários em 2022/2023, um século e um ano da vazão do modernismo pelo país. Quais foram seus frutos?
JORNALISMO
Pernambuco Modernista
De autoria do jornalista e escritor pernambucano Bruno Albertim. Tem como foco contestar a reivindicação paulista no protagonismo da disseminação de ideias modernistas nacionalmente. A obra também aponta metas alcançadas por estes. Publicado pela Editora Cepe, contém prefácio do curador Marcus Lontra e traz ilustrações e perfis dos protagonistas do movimento da Semana de Arte Moderno de 1922.
HISTÓRIA
Os Homens Que Mataram O Facínora, relançamento (2022)
Lampião por um outro ponto de vista, os daquele que sobreviveram a figura histórica mais emblemática, polêmica e ficcionalizada da história do Nordeste Brasileiro.
Essa obra é de autoria de Moacir Assunção, jornalista e mestre em História Social pela (PUC-SP). É um livro que conta a história dos dois primeiros e únicos inimigos que Lampião não executou. Justamente, aqueles que foram responsáveis pela sua entrada no cangaço.
FICÇÃO
Aqui. Neste Lugar, de Maria José Silveira
Em um cenário de pré-invasões europeias, com o Pindorama intocado, tornando difícil de imaginar e ainda mais instigante de conhecer. Maria José cria um cenário distópico e fantasioso, ao incitar o encontro de figuras folclóricas brasileiras, e reinventar outras personagens literárias. Como em seus heróis cômicos, os irmãos Macu e Naíma. Em quem reconhecemos o batismo inspirado pelo herói sem caráter de Mário de Andrade. E personalidades herdadas de Pedro Malasartes.
Solitária
É o primeiro livro de Eliane Alves Cruz que se passa na contemporaneidade. A autora carioca já publicou três romances, em que o cenário era um Brasil imperial, que o regime escravista ainda vigorava.
Eliane nos apresenta a história de Mabel e sua mãe Eunice, uma empregada doméstica que presencia um crime na casa onde moram e local de trabalho. A autora também nos provoca, apontando que, ainda que seja uma história do século 21, a problemática principal – uma relação de trabalho herdada da colonização – remete a mesma de seus romances de época.
Tybyra, por Juão Nÿn
Quem faz teatro hoje em dia, precisa fazer teatro para descatequizar e descolonizar”
Kaka Werá
Escrito em monólogo, Tybyra, personagem histórico que teve sua voz silenciada entre os séculos, é o único que fala durante o desenrolar de sua história.
A dramaturgia é dividida em cinco atos. Ou cinco luzes, como prefere o autor Juão Nÿn, multiartista Potyguara.
Tybyra como y conversando com o silêncio, conversando com o imaginário do leitor”
Juão Nÿn
Tybyra é um indígena brasileiro que foi trucidado pela Igreja Católica. A narrativa é contada através de falas sequenciais de Tybyra, que não abandona o leitor. Juão dá voz ativa e presente a Tybyra, para que seu eco atinja os preconceitos e sonhos do público.